Você já parou para pensar se fazemos realmente parte do Programa* ou se ele faz parte de nós?












Às vezes, ignoramos tal questionamento ou não temos certezas sobre este.


O primeiro fator importante que podemos notar é a desmotivação dos bolsistas para cumprir suas atividades. Já o segundo fator vem dos bolsistas que têm objetivos opostos do Programa.

Vários fatores nos levam a pensar desse modo, pois temos várias obrigações acadêmicas e sempre deixamos as atividades do Programa como subjacentes. Vivemos em um cotidiano corrido que não nos permite parar para refletir. Levamos, então, uma vida sem questionamentos. Focamos apenas nos nossos objetivos do curso, como por exemplo: estudar para uma prova difícil de cálculo, entregar um artigo de Funcionalismo ou se preparar para um seminário de Biologia Aquática.


Imaginemos agora uma legião de soldados romanos conquistando vastos territórios para o Império Romano. Eles lutavam juntos, mas agiam por suas necessidades pessoais (salários e terras). Eles estavam preocupados apenas nas armas, nas estratégias de lutas, na formação militar, enfim, na sua sobrevivência. Raros eram os soldados que entendiam o significado daquela marcha.

Agora, já pensou se cada um dos soldados soubesse o significado da conquista?
O exemplo acima ilustra bem como agimos dentro Programa, pois os bolsistas trabalham juntos, porém muitos só pensam nas benditas 12 horas semanais que devem cumprir. Isto se chama responsabilidade individual. Todavia, esta responsabilidade acentuada acarretou numa cultura de “vale horas?”. Como disse outrora o Breno Matias (Engenharia Metalúrgica) “as pessoas pensam que recebemos para trabalhar, mas na verdade trabalhamos para receber”. Isso nos leva a pensar que as horas cumpridas são as consequências de nossos trabalhos. Em contrapartida, muitos bolsistas pensam que as horas são as causas principais do trabalho.

Assim sendo, as conseqüências são desastrosas, pois promove a interação forçada que vai de oposto aos preceitos da metodologia norte-americana da Aprendizagem Cooperativa. Porquanto, a interação face-face é o que gera o aprendizado. Se não há interação, não há aprendizado mútuo.

Será que nossas ações afetam o Programa?
Em 1998, a seleção brasileira perdeu para França na final da copa do mundo por 3 a 0. O que aconteceu? O Brasil vinha embalado para conquistar seu quinto campeonato com um técnico exímio, Zagalo, e um elenco fenomenal. Porém, antes da final, o melhor jogador brasileiro, Ronaldo, teve convulsão horas antes do jogo. O motivo não se sabe, ou se foi uma crise nervosa, ou uma reação a um medicamento. O fato é que abalou todo o time e a comissão técnica que prejudicou o desempenho da equipe na partida final.

Ora, se pensarmos que somos peças fundamentais e que afetamos toda uma estrutura, então qualquer ação nossa pode interferir no desempenho dos nossos colegas. Um comentário como este na fila do RU “na COFAC é moleza, não faço nada e ganho todo mês” demonstra o lado negro da autonomia intelectual. Essa falsa montagem de célula evidencia a má-fé do bolsista. Outrora, disse a Samara Mayra (Pedagogia) “esse tipo de bolsista não está enganando o Programa. Ele está enganando a si mesmo”.

No início do ano, João Paulo Góis (Agronomia) veio me pedir ajuda, pois ele estava com dificuldades de montar sua célula. Eu relatei para ele toda a minha experiência na montagem de célula. Atualmente, ele comentou comigo que foi sucesso sua célula, pois aquela palavra de motivação foi o suficiente para superar as dificuldades em manter sua célula viva e não desistir diante dos desafios.

Agora vem a tona a pergunta:
O Programa faz parte de nós?

É inquestionável que nós fazemos parte do Programa, pois o fazemos na prática. Estamos em treinamento contínuo. Porém, não damos significados a essas práticas e treinos. Não conseguimos visualizar a formação como palco de aprendizado, a atividade interativa com parte formação discente, a leitura de memorial como valorização do bolsista, o envio de relatório como fonte de auto-avaliação etc.

Eu, Gustavo Ewerson (Letras), nunca fui para a folha suplementar. Sempre enviei meus relatórios em dia. Nunca fiz reposição. Mas tudo isso não bastava para ter ciência do que tava fazendo. Confesso que eu tive a lucidez do que tava fazendo no segundo semestre de 2011. Após a Colônia de Férias, vi que meu trabalho tinha um significado maior. O que seria isso? Um despertar? Sim, um despertar que me descobri professor.

O Programa de Aprendizagem Cooperativa em Células Estudantis (PACCE) tem um potencial enorme de mudar concepções de pessoas. Neste ano, a Colônia de Férias transformou a vida de vários universitários. Não sabemos ao certo como despertá-los. Talvez uma pequena brecha de luz seja o suficiente para iluminar a vida de uma pessoa. A única certeza que temos é que fazemos parte de algo gigantesco e este faz parte de nós, mesmo que nós não percebamos.

É preciso libertar-se dos grilhões que nos prendem a rotina universitária para atuarmos no Programa como peça fundamental. Neste Programa, tão grande que é, os únicos capazes de resolver os problemas dele somos nós.

Como disse Herman Melville “Não podemos viver apenas para nós mesmos. Mil fibras nos conectam com outras pessoas; e por essas fibras nossas ações vão como causas e voltam pra nós como efeitos”.

Afinal, quem somos nós?


Programa de Aprendizagem Cooperativa em Células Estudantis (PACCE)