Vou-me embora para Bosque

Para que hei de ir para Pasárga se posso ir para o Bosque
Lá sou amigo do Rui
Lá idealizo a musa que quiser
Na hora que escolherei
Vou-me embora para Bosque


Vou-me embora pra Bosque

Aqui não sou feliz
Lá a existência é uma crise de identidade
De tal modo incosenqüente
Que Moreira Campos grande contista
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei poesia
Comerei manga
Dormirei na biblioteca
Subirei nos bancos
Tomarei banhos de irrigação do jardim
E quando estiver cansado
Deito no gramado
Mando chamar o Reitor

Pra me contar as histórias
Que no tempo de seu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora para Bosque


No Bosque tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem Xerox de ultima geração
Tem calouradas à vontade
Tem garotas lindas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
– Lá sou amigo da estátua –
Terei a musa que eu quero
Na hora que escolherei
Vou-me embora para Bosque

(Gustavo Bandeira, 11/11/2010)