Inferno Universitário

A historinha abaixo transcrita surgiu no folclore do Ceará e foi contada, numa versão política universitária. Não é o nosso caso. Vai contada aqui no seu mais puro estilo folclórico, sem maiores rodeios.

Diz que uma vez um estudante universitário que abotoou o paletó. Em vida o falecido foi muito dado à falcatrua, chegou a ser candidato ao DCE, CA, enfim... ao morrer nem conversou: foi direto ao Inferno. Em chegando lá, pediu audiência ao Reitor Satanás e perguntou:

- Qual é o lance aqui? Satanás explicou que o inferno estava dividido em diversos departamentos, cada um administrado por uma universidade, mas o falecido não precisava ficar no departamento administrado pela sua universidade de origem. Podia ficar no departamento que escolhesse. Ele agradeceu muito e disse ao reitor que ia dar uma voltinha para escolher o seu departamento.

Está claro que saiu do gabinete do Reitor Diabo e foi logo para o departamento da Harvard, achando que lá devia ser mais organizado o inferninho que lhe caberia para toda a eternidade. Entrou no departamento da Harvard e perguntou como era o regime ali.

-Fazer quinhentas provas pela manhã, depois fazer 300 artigos. Na parte da tarde ler mil livros.

O falecido ficou besta e tratou de cair fora, em busca de um departamento menos rigoroso. Esteve no da Oxford, no instituto de tecnologia Massachusetts, até no da UVA mas era tudo a mesma coisa. Foi aí que lhe informaram que tudo era igual: a divisão em departamento era apenas para facilitar o serviço no Inferno Universitário, mas em todo lugar o regime era o mesmo: quinhentas provas pela manhã, depois fazer 300 artigos. Na parte da tarde ler mil livros.

O falecido estudante já caminhando desconsolado por um campus infernal, quando viu um departamento escrito na porta: UFC. E notou que a fila à entrada era maior do que a dos outros departamentos. Pensou com suas chaminhas: "Aqui tem peixe por debaixo do angu". Entrou na fila e começou a chatear o estudante da frente, perguntando por que a fila era maior e os enfileirados menos tristes. O estudante da frente fingia que não ouvia, mas ele tanto insistiu que o outro, com medo de chamarem atenção, disse baixinho:

- Fica na sua, e não espalha não. A biblioteca daqui não ta funcionando e só precisa fazer uns poucos artigos.

- E as quinhentas provas? - perguntou o falecido.

- Ah... O professor vem aqui de manhã, assina o ponto e cai fora.



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