Na manhã desta sexta-feira, o Curso de Letras recebeu a visita ilustre do Ex-Professor Sânzio de Azevedo. Este foi convidado pela Professora Irenísia Torres de Oliveira (Departamento de Literatura) para ministrar uma aula da disciplina de Teoria do Verso. 


Com um jeito bastante irreverente o Professor-Poeta explicou a metrificação dos versos e ensinou as nomenclaturas quantitativas da Teoria. A sala estava lotada, todos estavam com os ouvidos atentos para cada palavra que o Mestre Literato pronunciava. Em meio a explicação do conteúdo, ele contava anedotas, como a do “homem que se despenha por uma mulher que se disputa”, para descontrair a turma. Uma aula produtiva com informações importantes para a análise de poemas. 

Segundo a Professora Irenísia, o que leva os alunos a procurarem a disciplina de Teoria do Verso é a curiosidade que muitos estudantes têm em analisar poemas. A disciplina tem em sua proposta um caráter prático em que cada aula há análises de poemas. A Professora ainda falou que disciplinas assim faltam no Curso. As cadeiras de Literaturas Brasileiras e Portuguesas são compostas muitas vezes mais por historiografia literária do que pelo próprio conteúdo dos textos produzidos pelos autores estudados. Tal fato é algo muito válido, pois não temos como desvincular História e Literatura, mas a sugestão é que existam mais cadeiras como a de Teoria do Verso em que os textos possam ser analisados através de métodos literários. Uma sugestão dada pela professora foi a elaboração de uma cadeira em que se pudesse analisar narrativas.

A aluna Naiana Íris comentou o que ela achou da aula com o Professor Sânzio: "Adorei, achei importante a presença dele. Além de criador da disciplina, é o autor do livro utilizado na mesma. Sem falar que é um grande nome da literatura cearense.” Depois de um dia bastante literário nada como alguns versos para encerrar esta postagem:

SE PROCURO ... 

Se procuro no cérebro as imagens
que em meu olhar, há tempos, embebi,
ouço o ranger de dentes de engrenagens
a triturar os sonhos que perdi...

o que é que vim fazer nestas paragens?
Que tempestade me arrojou aqui?
Por que não me lancei noutras viagens,
já que deixei a terra onde nasci?

Tive a ambição dos nômades nos olhos!
Hoje, nem sei, cercado por escolhos,
que tempestade me arrojou aqui!

E vivo agora assim, perdido e absorto,
entre a saudade do primeiro porto,
e a tentação das terras que não vi!

(Sânzio de Azevedo - São Paulo, 1963)